domingo, 25 de março de 2012

BIGEMINISMO VENTRICULAR E ONDA DE PULSO



Monitor cardíaco (UTI) mostrando ritmo sinusal e extrassístoles ventriculares bigeminadas. Observe que após o batimento sinusal (S) ocorre a onda de pulso, registrada na curva de oximetria (indicada pela seta: curva em amarelo), já o batimento ectópico ventricular (EV) não produz onda de pulso, não sendo captado pela oximetria digital. O batimento prematuro ventricular não gera débito. O batimento ectópico ventricular, por ser muito precoce, gera um volume sistólico muito pequeno, incapaz de abrir a valva aórtica (ou o faz com débito muito baixo), assim a onda de pulso não é transmitida à periferia. Dessa forma a frequência de pulso (registrada no oxímetro: 32) é a metade da frequência cardíaca registrada no monitor (64). A frequência de pulso é a que efetivamente representa o volume de sangue ejetado; e neste caso é uma frequência muito baixa (32), entretanto há uma compensação: os batimentos sinusais apresentam um volume sistólico aumentado porque a diástole (precedente) é longa, o que aumenta o enchimento cardíaco. Pelo mecanismo de Frank-Starling, quanto mais o miocárdio for distendido durante o enchimento, maior será a força de contração e maior será a quantidade de sangue bombeada para a aorta (volume sistólico).
Assim, mesmo com frequência baixa o paciente permaneceu assintomático e não houve repercussão hemodinâmica. Portanto, podemos acompanhar, procurar causas para a arritmia (como distúrbio eletrolítico, intoxicação por digitálicos, infarto agudo do miocárdio, pós-operatório de cirurgia cardíaca, IC descompensada, etc) e não administrar antiarrítmicos se o distúrbio não apresentar repercussão. O uso de drogas anti-arrítmicas pode agravar uma bradicardia sinusal de base que pode estar presente e contribuindo para o surgimento dos batimentos ectópicos. Neste caso o emprego de drogas como atropina (dose inicial 0,5 mg, fazer até 2 mg EV) pode corrigir a arritmia, mas o tratamento deve ser instituído quando a arritmia apresenta repercussão. A conduta é individualizada e a administração de drogas endovenosas, como atropina e  fármacos anti-arrítmicos, deve ser feita com cuidado e vigilância, em paciente monitorizado em ambiente de UTI, idealmente. Em pacientes ambulatoriais, a extrassistolia ventricular (idiopática) de via de saída do ventrículo direito é uma causa comum de bigeminismo ventricular (V. ECG COM DISCUSSÃO 4).

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