domingo, 9 de janeiro de 2011

ECG COM DISCUSSÃO: MARCAPASSO CONVENCIONAL E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA



Este ECG é de uma paciente portadora de marcapasso definitivo há alguns anos e que evoluiu com quadro clínico de insuficiência cardíaca, sendo evidenciado disfunção sistólica importante ao ecocardiograma.
O traçado mostra o marcapasso estimulando o átrio e ventrículo, com FC de estimualação de 75 bpm. Observar a espícula atrial seguida por onda P (bem visíveis em D3, V1, V2), depois o intervalo AV, seguido por espícula ventricular e complexo QRS.
Chamo atenção para o complexo QRS, com morfologia de bloqueio de ramo esquerdo (BRE) com eixo para cima (negativo nas derivações inferiores) e duração muito aumentada (em torno de 0,20 s), compatível com estimulação apical do ventrículo direito (VD). Sabe-se que a estimualçao apical convencional do VD causa dissincronia elétrica e mecânica, de forma similar ao que ocorre no BRE, o que gera prejuízo hemodinâmico e pode ser responsável pelo surgimento de disfunção ventricular e insuficiência cardíaca na evolução.
Quando o paciente portador de marcapasso convencional evolui com insuficiência cardíaca, refratária ao tratamento clínico, pode ser indicado a mudança do modo de estimulação e o implante do ressincronizador (marcapasso biventricular). Este é realizado pelo implante adicional do eletrodo ventricular esquerdo, geralmente através do acesso pelo seio coronário, o que proporciona redução na duração do QRS e melhora da dissincronia. Mas a indicação princiapal do marcapasso biventricular é: insuficiência cardíaca grave, com sintomas mesmo após a otimização da terapia medicamentosa, ECG mostrando QRS largo (>= 0,12 s), geralmente com padrão de BRE e disfunção ventricular ao ecocardiograma (fração de ejeção < ou igual a 35%).

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